Secretaria de Defesa Social traz novas informações sobre o Caso Beatriz, menina assassinada há 6 anos em Petrolina



A Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco divulgou, nesta quarta-feira (12), que a menina Beatriz Angélica Mota foi assassinada em 2015, em um colégio particular de Petrolina (PE), porque teria se assustado ao ter tido contato com o suspeito.

A motivação foi apontada pelo secretário de Defesa Social, Humberto Freire, durante entrevista coletiva à imprensa nesta quarta.

"Temos a motivação alegada se coadunando com a dinâmica dos fatos que, ao haver contato do assassino com a vítima, ela teria se desesperado e por isso foi silenciada a golpes de faca", afirmou Humberto.

De acordo com o secretário, o homem não teve ajuda de terceiros para praticar o crime, entrando e saindo da escola sozinho e com uma faca que já lhe pertencia.

A confirmação do suspeito de assassinar a menina se deu na noite da terça-feira (11) por meio de nota da secretaria. Nesta quarta, foram apresentados os detalhes da investigação.

O novo passo no inquérito do caso Beatriz foi dado mais de seis anos após o assassinato da menina. Ela foi morta a facadas dentro do colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em Petrolina, em dezembro de 2015.

Nesta quarta, o secretário Humberto Freire disse que Beatriz foi vítima de dez facadas, e não de 42, como havia sido noticiado anteriormente. O número de 42, segundo a nova versão da SDS, se refere à quantidade de ferimentos.

A Secretaria de Defesa Social anunciou que o suspeito foi identificado após a comparação do DNA obtido na faca usada no crime com o do DNA do suspeito presente no banco de dados pela Polícia Científica de Pernambuco. Ainda de acordo com a pasta, o homem confessou o assassinato.

O suspeito é Marcelo da Silva, de 40 anos de idade. Ele já está preso por suspeita de estupro de vulnerável em um presídio de Salgueiro, também no Sertão.

Ainda na terça, após as informações da suspeita sobre o caso Beatriz terem sido divulgadas na imprensa, a Justiça de Petrolina atendeu a um pedido do Ministério Público de Pernambuco para que o acusado fosse transferido para uma cela individual em Petrolina.

Marcelo da Silva foi ouvido por delegados nesta terça sobre o assassinato de Beatriz. Após confessar o crime, ele foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco. Ele está preso desde 2017 pela suspeita do estupro, em outra investigação. Mas o DNA dele foi inserido apenas em 2019 quando foi feita uma atualização na base de dados estadual.

A primeira sinalização que levou ao suspeito foi no final de 2021, quando o DNA de Marcelo foi o mesmo do encontrado na faca, segundo a polícia. No início de 2022, o suspeito foi para um procedimento relacionado ao outro processo ao qual responde, ocasião em que foi feita uma nova coleta do seu DNA. Em seguida, esse material foi usado para confirmar o que a polícia tinha atestado anteriormente.

"A partir dessa melhoria desse refino e sua inclusão com esse refino no banco surgiu o primeiro indicativo ainda em 2021 e, a partir desse indicativo, diversas outras análises são necessárias para comprovação. Chegamos a afirmar técnico cientificamente, de forma cabal por quatro peritos geneticistas, que, depois do primeiro indicativo e de outros exames, sempre foi confirmada aquela indicativa inicial", disse Humberto Freire.

Beatriz foi assassinada no dia 10 de dezembro de 2015, quando participava da formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. A menina saiu de perto dos pais para beber água e desapareceu. O pai dela era professor de inglês da instituição.

De acordo com o secretário de Defesa Social, Marcelo entrou no colégio com a intenção de pedir dinheiro para sair de Petrolina. "Pela narrativa, não era direcionado a uma pessoa específica. Beatriz foi a pessoa que ele encontrou e que, diante desse exaspero, desse susto, ele acabou silenciando-a a facadas".

Antes do início da coletiva, a mãe da menina, Lucinha Mota, e o pai, Sandro, falaram com a imprensa. Eles disseram que souberam da descoberta do suspeito por meio da imprensa e que não receberam ligação de delegados ou do secretário de Defesa Social, Humberto Freire.

Na sequência, os pais da menina foram convidados para uma reunião com o secretário e com outros membros da Polícia Civil responsáveis pela investigação. No encontro, as autoridades relataram as atualizações do caso.

A mãe de Beatriz, Lucinha Mota, disse que espera que Marcelo da Silva seja realmente o assassino, mas afirmou que não acredita que Beatriz tenha sido escolhida em motivação premeditada.

"Eu acredito (que seja ele o assassino), pelos elementos que eles apresentaram, que é o exame de DNA, que é incontestável, e as características físicas, mas isso só não é suficiente", disse.

"Todo crime tem uma motivação e a forma como foi praticada é muito violenta, praticada com muito ódio. Eu já conversei com diversos especialistas, nosso advogado, doutor Alex, é a pessoa certa para falar a respeito, mas ali existe uma relação entre as duas partes. Foi da família? Não foi, porque eles não encontraram, porque não tem. Nós não tínhamos inimigos, não tínhamos rixa, não tínhamos dívidas, não tínhamos problema nenhum. Mas o colégio tem", acrescentou.

A revelação do suspeito de assassinar a menina ocorre um mês depois dos pais da criança percorrerem a pé mais de 700 quilômetros durante 23 dias entre Petrolina e o Recife para pedir avanços nas investigações. Ao final da trajetória, foi recebida na sede do governo de Pernambuco pelo governador Paulo Câmara (PSB), que se disse favorável ao pleito dos pais de federalização da investigação.

O corpo da menina foi achado dentro de um depósito de material esportivo da instituição com uma faca do tipo peixeira cravada na região do abdômen. A menina também tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores. Segundo a SDS, o crime aconteceu no local onde o corpo foi achado.

Nos últimos seis anos, foram sete perícias, 24 volumes no inquérito, 442 depoimentos e 900 horas de imagens analisadas. O caso passou por oito delegados diferentes e, recentemente, ficou sob responsabilidade de uma força-tarefa formada por quatro profissionais.

Uma das gravações foi revelada em 2017, quando a polícia divulgou imagens de uma câmera de segurança que apontavam o suspeito do crime circulando nos arredores da escola. Nesta quarta, o secretário de Defesa Social disse que se trata de Marcelo da Silva.

O DNA que estava na faca foi comparado com o material genético de 125 pessoas consideradas suspeitas.

O laudo com a comparação final do DNA com o de Marcelo foi enviado na terça (11) para a Secretaria de Defesa Social e para o Ministério Público de Pernambuco.

Em dezembro, no mesmo dia da reunião da cúpula do governo com os pais de Beatriz, o secretário Humberto Freire chegou a reconhecer que houve dificuldades "em momentos da investigação". Ele também afirmou que imagens de câmeras de segurança que tinham sido apagadas foram recuperadas.

Em dezembro, por meio de nota, o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora informou que "não houve manipulação ou exclusão de imagens das câmeras".

Representante do Ministério Público na coletiva, a coordenadora do Central de Apoio a Promotorias, Ângela Cruz, disse que o MP devolveu nesta quarta-feira o inquérito à Polícia Civil, solicitando novas perícias para que, em seguida, se manifeste no caso para enviá-lo à Justiça.

"Um achado muito importante, mas já de imediato o Ministério Público teve a preocupação de peticionar junto ao juízo de execução para garantir a segurança do suspeito. Estamos devolvendo os autos do inquérito policial. As circunstâncias desse caso precisam ser melhor apuradas, refinadas", disse Cruz.

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